quarta-feira, 9 de setembro de 2009

VACINAS GÊNICAS

Em quase todos os meios de comunicação sempre ouvimos falar na palavra prevenção, ou seja, tomar cuidados especiais para que num futuro próximo não precisemos tomar ações drásticas para contornar situações de stress qualquer que elas sejam.

O que vem na cabeça de qualquer pessoa, leiga ou não, quando falamos em prevenção são as vacinas, que são compostos que têm como finalidade dar ao individuo que a receba uma proteção ou imunidade por um determinado período de tempo contra principalmente agressores biológicos como bactérias e vírus.

As vacinas podem ser divididas em três categorias. Vacinas de primeira, segunda e terceira geração. As de primeira geração surgiram no começo do século passado, são aquelas produzidas com microrganismos atenuados ou mortos. As de segunda geração são basicamente produzidos microrganismos recombinantes através de técnicas especiais. As de terceira geração são as vacinas gênicas.

Graças ao progresso da imunologia e genética molecular estas vacinas de terceira geração estão cada vez mais sendo pesquisadas e chegando há uma qualidade e eficiência nunca vista antes na área da imunoterapia.

Este tipo de tecnologia ocorre através da introdução de um ou mais genes (parte do DNA que pode transmitir alguma característica) no indivíduo a ser vacinado e então ocorre a formação de moléculas chamadas de antígenos que têm a capacidade de fornecer uma resposta imune (protetora) a este indivíduo.

A vacinação por DNA pode ser realizada de várias formas. Entre elas podemos citar a administração por injeção intramuscular, por aerosol e por via intradérmica através do bombardeamento de pequenos grânulos de ouro ou tungstênio com DNA utilizando o gene gun (arma de genes).

A resposta imunológica desencadeada pela vacina de DNA ocorre por um longo período de tempo, até mesmo em alguns casos só seja necessária uma única dose a pessoa graças principalmente a uma característica muito importante, a capacidade da célula que recebeu o DNA de produzir o antígeno de uma forma constante, diferente das outras categorias de vacinas.

As vacinas não gênicas são utilizadas praticamente como prevenção à instalação da doença. Já as vacinas gênicas têm um poder grande de cura da patologia já instalada sem perder a característica profilática.

Esta terapia pode resultar em políticas de saúde menos prolongadas, mais baratas e mais deterministas, dando um avanço muito grande na área social e econômica principalmente em países como o Brasil que contém uma população muito grande com poder aquisitivo baixo.

DIABETES

Diabetes mellitus (ou simplesmente diabetes) é uma doença que se caracteriza pela alta concentração de glicose na corrente sanguínea (hiperglicemia), normalmente se a concentração de glicose plasmática identificada no laboratório (seguindo um protocolo rígido) for maior que 125 mg/dL, já podemos suspeitar da patologia. Claro, existem outros exames complementares além também do exame clínico.

Os sintomas gerais são sede além do normal, visão embaçada, vontade de urinar muitas vezes durante o dia, fadiga, infecções repetidas e dores por má circulação (principalmente nas pernas).

A molécula selecionada durante a evolução responsável pela entrada de glicose na célula e por conseqüência equilíbrio fisiológico da glicose no plasma é denominada de insulina, alterações quantitativas e qualitativas desta substância pode gerar a doença.

Existem basicamente dois tipos de diabetes, do tipo I (também chamado de insulino-dependente) e do tipo II (insulino não dependente). A do tipo I é ocasionada quando as células produtoras de insulina no pâncreas são destruídas pelos nossos próprios anticorpos, caracterizando uma doença autoimune. Ou seja, invés destas substâncias nos potegerem contra agentes causadores de infecção por exemplo, elas atuam como inimigas nossas, atacando nossas células, no caso aqui células do pâncreas. A do tipo II é provocada por uma resistência ou incapacidade das células de absorverem a glicose, não há um fator autoimune relacionado, apenas uma má qualidade na ação bioquímica envolvendo a insulina.

O paciente com diabetes tem que tomar muito cuidado com certos problemas que a doença pode causar. Entre elas estão os problemas cardiovasculares, pela alteração de metabolismo de gorduras e elevação da pressão arterial. Existe também a possibilidade da pessoa com hiperglicemia adquirir retinopatia diabética que pode até levar a cegueira. Há comprometimento dos rins, provocando uma perda da função renal. Até mesmo o sistema neurológico pode ser lesado causando neurites (lesão inflamatória ou degenerativa dos nervos) agudas e crônicas. Não esquecendo que há uma sensibilidade maior para infecções originadas por fungos principalmente na pele e unhas.

O melhor para prevenir a diabetes é fazer exames clínicos e laboratoriais com uma certa freqüência e se for confirmada a doença o tratamento que pode variar desde reeducação alimentar até uso de medicamentos hipoglicemiantes e a melhor forma de se ter uma boa qualidade de vida é seguir a risca os conselhos por parte dos médicos e equipe.

ARTRITE REUMATÓIDE

A artrite reumatóide é uma doença reumática (ataca as articulações), caracterizando-se por dor e inflamação intensa. Ela está relacionada com a reação de hipersensibilidade do tipo 3, ou seja, depósito de imunocomplexo em tecidos alvos, no caso aqui as articulações.

Neste tipo de patologia são formados anticorpos anormais que tem a capacidade de se ligar com outros anticorpos (imunoglobulinas de classe IgG) que estão presentes em em nosso organismo que em certas condições ambientais depositam-se nas articulações da pessoa que apresenta este mecanismo não fisiológico.

Este anticorpo anormal se chama fator reumatóide, que na verdade é um autoanticorpo, ou seja, imunoglobulina que agride substâncias ou estruturas próprias do nosso corpo. As pessoas que têm o distúrbio instalado têm a quantidade de fator reumatóide alto.

Clinicamente se inicia por uma dor bilateral nas grandes articulações, há uma rigidez matutina também bilateral nestas partes do corpo lesionadas. Podem surgir também mal estar geral, febre não muito alta e cansaço. O indivíduo acometido pode ter períodos de agudização alternando com períodos brandos, ou até mesmo inexistentes.

O diagnóstico se dá por meio de exame clínico e laboratorial. A medicação se baseia com a utilização de antiinflamatórios, que diminui a inflamação, assim aumenta a qualidade de vida do paciente e combate o ciclo de dor.

Obs, imunoglobulina = anticorpo

MICRORGANISMOS QUE CURAM

Quem nunca tomou algum medicamento fitoterápico para aliviar algum mal estar ou dor? estes compostos farmacêuticos feitos a base de plantas medicinais contém princípios ativos ou substâncias capazes de prevenir ou até mesmo em alguns casos a curar algumas enfermidades.

A sua ação farmacológica se deve a estruturas químicas (princípios ativos) que quando administradas em algum indivíduo afetado por alguma patologia causam tais benefícios e cura.

Por muito tempo se imaginava que os efeitos medicinais destes medicamentos se davam apenas por mecanismos fisiológicos e bioquímicos destes vegetais utilizados para a sua confecção.

Hoje se sabe que não é bem assim, existem microrganismos, mais precisamente bactérias e fungos, que vivem no interior de várias plantas em uma associação simbiótica (relação vantajosa mútua) chamados de endófitos (ou microrganismos endofíticos).

Acredita-se que grande parte destas substâncias utilizadas na medicina são produzidas por estes organismos que vivem no interior de folhas, caules e raízes dos diversos vegetais medicinais até no momento relatados.

O potencial destas bactérias e fungos têm-se mostrado muito importante principalmente para a área farmacêutica e biotecnológica, pois foi percebido que através de tecnologia e metodologia apropriada é possível isolar e extrair compostos químicos com algum tipo de propriedade curativa através destes microrganismos.

Os exemplos mais típicos são endófitos produtores de substâncias antibacterianas, ou seja, há inibição de algum agente causador (origem bacteriana) de infecção ou inflamação por meio de alguns produtos metabólitos produzidos por estes endófitos. Há relatos também de microrganismos endofíticos que produzem compostos químicos contra câncer e micose (infecção por fungo).

Quando falamos em bactérias, por exemplo, sempre vêm idéias negativas a respeito, principalmente para a população que não tem contato com o assunto. Mas com o tempo e o avanço da ciência podemos fazer cair por terra alguns conceitos.

PCR (REAÇÃO EM CADEIA DA POLIMERASE)

A biologia sempre foi uma ciência muito difícil de se estudar principalmente quando falamos em termos de metodologia disponível, por ser um sistema extremamente complexo e dinâmico em todos seus níveis, desde o molecular até as características mais visíveis morfologicamente.

Em meados dos anos 80, Kary Mullis um ótimo cientista (ganhou o prêmio Nobel pela sua invenção), desenvolveu uma técnica conhecida como Polymerase chain reaction (reação em cadeia da polimerase) ou simplesmente PCR. E desde então tem revolucionado a biologia, mais precisamente a área da genética.

Com o advento desta tecnologia foi possível estudar genes ou seqüências específicas de DNA de uma maneira bem menos complicada e muito mais rápida. A PCR é um processo cíclico que amplifica “in vitro” (laboratorialmente) partes deste material genético e o resultado final disso é o grande número de copias destas seqüências.

A aplicação desta metodologia é bem ampla. Na ciência forense ela é bastante utilizada, onde pequenas quantidades de DNA na cena de um crime podem ser amplificadas e analisadas, bem como em testes de paternidade. Esta ferramenta laboratorial tem tido grande importância em setores de bancos de sangue e transplantes, pois pode identificar com uma maior sensibilidade e maior precisão agentes infecto-contagiosos como O HIV (vírus causador da AIDS) e vírus causadores de hepatites. Não podemos Esquecer que a PCR é um excelente marcador em pesquisas de neoplasias e também na agricultura, sem mencionar sua utilidade em ciência básica.

A população precisa ter conhecimento destas tecnologias, pois é preciso difundi-las para que mais pessoas possam utiliza-las para o seu próprio bem. Com certeza a biotecnologia vai ainda nos dar muitas alegrias para o presente e para o futuro.

FEBRE REUMÁTICA

A febre reumática (FR) é uma doença articular (doença que afeta as articulações) com complicações tardias de origem auto-imune (nossos próprios anticorpos agridem nossos tecidos) e muito grave em alguns casos. Umas das principais causas é quando quadros de faringoamigdalite (inflamação na garganta) são muito freqüentes, ai então podemos desenvolver a doença.

Existe uma bactéria chamada streptococcus pyogenes que produz uma substância, mais especificamente uma proteína denominada de estreptolisina O, esta enzima é grande e complexa e além de tudo estranha, então há a formação de anticorpos (substâncias responsáveis pela proteção do organismo) chamados anti-estreptolisina O.

Estes anticorpos formados podem agredir além das articulações, estruturas glomerulares (estruturas dos rins) causando insuficiência renal. E o mais grave pode atingir estruturas do coração, é isso que torna a febre reumática uma doença grave, este acometimento cardíaco leva em alguns casos a complicações irreversíveis nas válvulas cardíacas e miocárdio.

Há uma relação de predisposição genética do paciente, do microrganismo (streptococcus pyogenes) em um ambiente favorável ou não para o desenvolvimento da doença, o que podemos concluir que existem variações entre os indivíduos acometidos com a patologia em questão, que reflete também em uma grande variação nas reações auto-imunes acima descritas.

Em geral, a FR ataca crianças entre 5 a 15 anos, mas pode também estar presente em adultos. As condições de higiene também são um forte aliado para o desencadeamento da doença. Suas manifestações clínicas ocorrem de 7 a 14 dias após a infecção com dores articulares (em geral punhos, tornozelos e joelhos) alternados entre si, inflamação e febre.

Se neste inverno você ou algum familiar (principalmente as crianças) adquirir alguma infecção de garganta. O ideal é procurar um médico capacitado para o tratamento desta inflamação, pois o melhor ainda é prevenir do que remediar mais tarde.

ELEMENTOS FIGURADOS

O sangue é formado didaticamente por duas partes, a parte sólida e a fluída. Esta parte líquida (fluída) é o que chamamos de plasma sanguíneo que contém basicamente 90% de água e 10% de substâncias importantíssimas para a manutenção dos mecanismos fisiológicos do organismo como enzimas, proteínas, vitaminas, carboidratos, hormônios, etc. Já a parte sólida é formada pelos o que chamamos de elementos figurados que constituem as células brancos (leucócitos), células vermelhas (eritrócitos) e as plaquetas.

Estes elementos figurados são originados a partir de células conhecidas como células tronco (ou totipotentes) na medulas óssea por um processo conhecido como hematopoiese. A hematopoiese nada mais é do que uma seqüência de modificações dinâmicas de proliferação, diferenciação e maturação funcional fisiológica destas células sanguíneas.

A série branca (leucócitos) é formada por linfócitos, monócitos, neutrófilos, eosinófilos e basófilos. Estas células contém uma função primordial para a sobrevivência de qualquer espécie de mamífero que é a defesa do organismo. Os basófilos, por exemplo, ajudam a mediar reações inflamatórias que é um mecanismo muito importante no combate a algum agente biológico ou físico de lesão tecidual (o problema que inflamação crônica ou de intensidade grande pode matar e até mesmo gerar alimento para alguma bactéria, é por isso que tomamos antiinflamatórios). Os neutrófilos têm o poder de fagocitar e destruir microrganismos. Os eosinófilos nos defendem contra parasitas e podem modular respostas alérgicas. Os linfócitos têm a capacidade de gerar anticorpos (proteínas que atacam invasores, como vírus e bactérias) e também células capacitadas em “matar” organismos patogênicos. Os monócitos que estão no sangue passam para o tecido e se transformam em macrófagos, que tem uma função muito complexa, são as principais células que apresentam o organismo as defesas do corpo principalmente para os linfócitos.

A série vermelha que são as hemácias (eritrócitos) têm o papel principal de transportar o oxigênio dos pulmões para os tecidos, assim gerando energia e água nos células (respiração celular) e auxiliar no transporte de dióxido de carbono dos tecidos para os pulmões (retirando “lixo” do corpo).

As plaquetas ou trombócitos são intimamente relacionadas à coagulação do sangue, ela funciona como um “tampão” no processo de controle da hemostasia, que é um processo que mantém o sangue fluído no interior do vaso sem coagular (coagulação) e sem extravasar (saída do sangue para fora do vaso), evitando assim tromboses e hemorragias.

Qualquer alteração genética neste metabolismo sanguíneo ou ambientes não favoráveis a pessoas já predispostas a desencadear alguma doença relacionada a estes elementos figurados devem ficar atentas, pois as doenças são muito graves e podem levar até a morte.

terça-feira, 8 de setembro de 2009

ANEMIAS

Para entendermos o que é anemia com maior facilidade, devemos compreender o que é hemoglobina.
A hemoglobina é uma estrutura complexa formada basicamente de duas partes, a globina (parte protéica) e o heme (parte não protéica), sendo que há também a presença do átomo de ferro que é muito importante nesta estrutura. É uma substância que pode ser bastante estudada, pois o sangue pode ser colhido de uma maneira extremamente fácil e em grande quantidade. Ela está localizada na hemácia (eritrócito) e sua função principal é o transporte de oxigênio para os tecidos.
A sua eficácia está relacionada ao seu poder de trabalho, ou seja, de levar este oxigênio ás células. Esta característica funcional pode variar muito de individuo para indivíduo (ou grupo para grupo), dependendo principalmente da variação genética de metabolismo da globina e do grupo heme. Não esquecendo que faixa etária e sexo são importantes fatores que influenciam neste sistema fisiológico.
A anemia pode ser definida como um decréscimo ou diminuição da concentração de hemoglobina funcional em relação aos valores considerados normais. No geral uma pessoa é anêmica quando apresenta menos de 11 a 12 gramas de hemoglobina por 100 ml de sangue (11-12 g/dl).
Os principais sintomas são falta de apetite, uma enorme dificuldade de aprender coisas novas, fraqueza e indisposição.
Existem vários motivos para a ocorrência de uma anemia, entre elas podemos destacar as hemoglobinopatias que se dividem em talassemias que nada mais são do que defeitos quantitativos relacionados na produção de globinas normais (como por exemplo, a hemoglobina H e a talassemia major) e as variantes de hemoglobinas em que ocorre uma mutação genética na cadeia de globina (o exemplo mais clássico é a hemoglobina S que causa a anemia falciforme).
Outros destes motivos são a deficiência de ferro no organismo (anemia clássica, ou ferropriva, a grande maioria dos casos), defeito na utilização deste átomo de ferro (anemia sideroblástica), deficiência de vitamina B12 e/ou folatos (anemia megaloblástica), destruição dos glóbulos vermelhos (anemia hemolítica), erro na via de síntese do heme (anemia causada numa doença chamada porfiria), leucemia (anemia decorrente desta doença) e falha na produção de hemácias (anemia aplásica).
Existem também as causas idiopáticas, aquelas que não conseguimos identificar suas origens. Mas o importante é ficar atento com a saúde e fazer exames clínicos e laboratoriais periodicamente para que no mínimo sejamos capazes de evitar complicações maiores, pois como podemos perceber a instalação da doença pode ser devido a diversos mecanismos.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Primeira postagem

Neste espaço tentarei colocar textos didáticos sobre assuntos diversos relacionados as ciências de interesse da área farmacêutica, como por exemplo: microbiologia, genética, biologia molecular, imunologia, farmacologia, epidemiologia, saúde básica e outros.